Maputo, 10 de Abril – O Ministro do Interior de Moçambique, Paulo Chachine, revelou que entre Janeiro e Março deste ano, 73 agentes da Polícia foram expulsos da corporação por envolvimento em diferentes tipos de infrações criminais.
Durante a sua intervenção no parlamento, Chachine explicou que as expulsões ocorreram após confirmação de envolvimento dos agentes em crimes como extorsão (14 casos), fraude (13), furto (10) e agressões físicas que resultaram em morte (3).
No mesmo período, outros 32 agentes foram despromovidos. Entre estes, oito por desvio de bens do Estado, quatro por fraude, três por tráfico e associação criminosa, três por uso indevido de armas de fogo e dois por furto.
O ministro destacou ainda que, entre Janeiro de 2024 e Março de 2025, foram instaurados 514 processos disciplinares contra membros da corporação, o que representa uma média superior a um caso por dia.
Em resposta a preocupações levantadas pela bancada parlamentar da Renamo sobre o uso excessivo da força pela polícia, Chachine afirmou que certas ações se enquadram na gestão de desordens públicas graves, sendo justificadas como forma de prevenir consequências mais graves.
No entanto, relatos apontam para uso desproporcional de força, incluindo munições reais e gás lacrimogéneo contra civis desarmados, contrariando as diretrizes oficiais.
Nos protestos pós-eleitorais dos últimos seis meses, organizações da sociedade civil acusaram a polícia de disparar indiscriminadamente contra manifestantes, resultando em mais de 350 mortes, conforme dados da plataforma eleitoral “Decide”.
Chachine informou ainda que, no mesmo período, 33 pessoas foram detidas por envolvimento em raptos. Nessas operações, a polícia apreendeu 12 armas de fogo, 28 telemóveis, dois computadores e ocupou quatro casas utilizadas como locais de cativeiro. Graças a estas ações, oito vítimas de rapto foram resgatadas e devolvidas às suas famílias.
Para o período 2025-2029, o governo pretende submeter ao parlamento uma proposta para a criação de uma unidade policial especializada no combate a raptos e crimes organizados de natureza transnacional.
Segundo o ministro, desde 2011 até Março de 2025, foram registados 205 casos de rapto, sendo 2013 o ano com maior número de ocorrências (37). A cidade de Maputo lidera as estatísticas, com 133 casos.
