Nos primeiros três meses deste ano, a província de Manica, no centro de Moçambique, contabilizou 11 mortes resultantes de ataques de crocodilos e mordeduras de serpentes. Este número representa um aumento de dois casos em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os distritos mais afetados são Tambara, Báruè, Vanduzi, Machaze, Mossurize, Gondola e Macossa — regiões atravessadas por rios como o Zambeze e o Púngwè, além de diversos cursos de água menores, onde o conflito entre humanos e animais selvagens tem sido recorrente.
Um dos casos mais marcantes ocorreu no distrito de Vanduzi, onde Dércio, um menino de 11 anos, foi atacado por um crocodilo enquanto se banhava no rio Tembwe com as irmãs. O jovem foi salvo graças à coragem das irmãs, de 15 e 17 anos, que enfrentaram o réptil para resgatar o irmão. Apesar de feridos, os três foram levados ao Hospital Provincial de Chimoio (HPC), onde receberam cuidados médicos. Segundo o diretor clínico, Juvenal Chitovele, as irmãs já receberam alta, enquanto Dércio segue internado, fora de perigo, mas ainda em recuperação devido às fraturas e ferimentos sofridos.
Rafael Manjate, diretor provincial do Desenvolvimento Territorial e Ambiente, apontou a necessidade de estratégias para conter a proliferação de crocodilos, sugerindo a recolha de ovos como medida preventiva. Ele destacou que o aumento dos ataques representa uma preocupação crescente para as autoridades, especialmente em localidades como Báruè e Mossurize, onde há relatos de mutilações causadas por animais selvagens.
Manjate defende que a intervenção deve partir do governo central, uma vez que a recolha de ovos de crocodilo requer autorização e planejamento a nível nacional. Para ele, é essencial envolver as comunidades na mitigação dos conflitos entre a população e a fauna bravia, especialmente nas zonas mais afetadas.
