Relatório da Amnistia Internacional denuncia repressão violenta a protestos em Moçambique

 





A Amnistia Internacional lançou um novo relatório intitulado Protestos Sob Ataque, que expõe graves violações de direitos humanos ocorridas em Moçambique após as eleições de 2024.


Durante os meses de outubro e novembro de 2024, milhares de cidadãos moçambicanos tomaram as ruas para contestar os resultados eleitorais, num contexto de instabilidade social e política. Apesar de algumas ocorrências isoladas de violência, as manifestações foram predominantemente pacíficas. No entanto, a resposta das autoridades foi marcada por uso excessivo e desproporcional da força, prisões arbitrárias em grande escala e restrições ao acesso à informação – práticas contrárias às normas internacionais de direitos humanos.


Segundo o relatório, tanto a polícia quanto o exército recorreram a armamento letal e não letal de forma abusiva. Essa conduta resultou em mortes, ferimentos e violações do direito à vida e à liberdade de reunião pacífica. Houve também relatos de detenções arbitrárias, inclusive de crianças e de pessoas apenas percebidas como manifestantes, além de casos de maus-tratos sob custódia.


Durante os momentos críticos dos protestos, provedores de internet bloquearam ou limitaram o acesso a redes sociais, restringindo a circulação de informações entre os cidadãos.


Recomendações principais do relatório:


À Presidência da República:


  • Condenar publicamente os abusos cometidos pelas forças de segurança;
  • Implementar mecanismos eficazes de fiscalização para prevenir o uso indevido da força;
  • Garantir compensações e apoio médico às vítimas e suas famílias.


À Polícia da República de Moçambique:


  • Rever ou criar normas de uso da força em conformidade com os padrões internacionais;
  • Proibir o uso de armas contra manifestantes pacíficos;
  • Limitar o uso de gás lacrimogéneo e balas de borracha a situações de violência extrema;
  • Evitar detenções arbitrárias e atos de tortura;
  • Cooperar plenamente com investigações sobre abusos cometidos por agentes da lei.


À Procuradoria-Geral:


  • Investigar com imparcialidade todas as denúncias de homicídios, agressões, detenções arbitrárias e tortura;
  • Garantir que os responsáveis sejam julgados de forma justa;
  • Oferecer reparação às vítimas, incluindo compensação e cuidados de saúde;
  • Apurar responsabilidades em relação às interrupções no acesso à internet.

Ao Ministério dos Transportes e Comunicações e ao Instituto Nacional das Comunicações:

À comunidade internacional (União Africana, Nações Unidas, parceiros bilaterais):


  • Pressionar as autoridades moçambicanas a respeitarem o direito de protesto pacífico;
  • Rever a cooperação com Moçambique no setor da segurança até que haja responsabilização pelos abusos;
  • Assegurar que treinamentos e equipamentos fornecidos não sejam usados para reprimir manifestações.

  •  À Comissão Africana dos Direitos                  Humanos e dos Povos:


  • Instar Moçambique a cumprir as diretrizes de policiamento de protestos;
  • Investigar violações cometidas por agentes do Estado;
  • Considerar uma visita ao país para avaliar a situação no terreno.

Às operadoras de telecomunicações (Vodacom, Movitel, TV Cabo, Tmcel):


  • Garantir que seus serviços respeitem os direitos de liberdade de expressão e informação;
  • Avaliar e mitigar o impacto negativo das restrições de internet sobre os direitos humanos.

O relatório completo pode ser consultado no site da Amnistia Internacional:

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