Soluções inovadoras ajudam comunidades do Parque Nacional do Limpopo a enfrentar a seca

 




Limpopo (Moçambique), 10 Abr – Através do programa One Limpopo One Health (OLOH), a organização Peace Parks Foundation está a implementar métodos agrícolas alternativos ao cultivo de sequeiro, tradicionalmente praticado nas comunidades que vivem na zona tampão do Parque Nacional do Limpopo (PNL).


 A iniciativa surge como resposta aos efeitos do fenómeno El Niño, que provoca secas prolongadas e escassez de chuvas, agravando a insegurança alimentar local.


A estratégia inclui a introdução de sistemas de irrigação e a disponibilização de insumos e ferramentas agrícolas, aproveitando os recursos hídricos dos rios Limpopo, Dos Elefantes e Chiguizi, que cruzam os distritos de Massingir, Mabalane, Mapai e Chicualacuala. Com essas medidas, busca-se reduzir a dependência das chuvas, garantindo produção alimentar contínua.


Como parte do projeto, foram entregues esta semana, no distrito de Massingir, cartões de apoio à compra de insumos agrícolas a 400 famílias, numa ação que beneficiará um total de 800 famílias em duas fases. O objetivo é aumentar a produtividade e promover a sustentabilidade dos meios de subsistência das comunidades abrangidas.


Rosana Manhiça, coordenadora do programa comunitário no parque, destacou que o projeto pretende fortalecer a resiliência das comunidades face à fome, ao mesmo tempo em que incentiva práticas agrícolas sustentáveis e alinhadas com a preservação ambiental.


Com duração de três anos e meio e um orçamento superior a cinco milhões de euros, o projeto abrange, nesta fase, as comunidades de Macuachane, Machaule e Chibotane.


 Segundo Manhiça, o apoio da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), aliado ao trabalho da Peace Parks Foundation, tornou possível a introdução de regadios como alternativa ao cultivo tradicional em zonas semiáridas.


No que diz respeito aos frequentes conflitos entre humanos e animais selvagens, comuns na zona tampão do parque, a coordenadora reconheceu os desafios, mas garantiu que estão a ser implementadas medidas para promover a convivência pacífica. 


Entre essas ações, estão a formação de fiscais comunitários e a adoção de técnicas de dissuasão, como o plantio de piri-piri, o uso de apitos, vuvuzelas e outros métodos tradicionais para afastar elefantes das machambas.


“Já capacitámos 11 fiscais este ano e incentivamos a colaboração da população nesse processo de vigilância e proteção”, acrescentou.


Moradores locais expressaram entusiasmo com os apoios recebidos. Paulo Valoi, residente na zona tampão, valorizou a iniciativa: “Esta ajuda vai permitir que as famílias produzam alimentos mesmo em tempos de seca. Estamos a aprender a irrigar e temos esperança de uma boa colheita.”


Também beneficiado, Ocelote Ngovele compartilhou a sua experiência: “Com o cartão de 3.500 meticais, comprei sementes de milho, batata, feijão e outros produtos. Já percebemos que com irrigação conseguimos cultivar com mais segurança.”


Além do apoio à produção agrícola, a parceria com a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) promove também melhorias na gestão de gado, incluindo a criação de zonas de pasto protegidas com currais móveis (bomas) e boas práticas para conservação das pastagens.

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