Maputo, 14 de abril – O músico Joel Amaral, conhecido artisticamente como MC Trufafa, foi alvo de uma tentativa de assassinato no domingo (13), no bairro Cualane, na cidade de Quelimane, província da Zambézia, centro de Moçambique.
Amaral atua como responsável pela mobilização do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que liderou manifestações contra os supostos resultados fraudulentos das eleições gerais realizadas em 9 de outubro.
Em publicação nas redes sociais, Mondlane informou que Amaral foi atingido por dois tiros — um deles causou ferimento leve, enquanto o outro atingiu sua cabeça. O músico recebeu os primeiros socorros num centro de saúde local e, posteriormente, foi transferido para o Hospital Central de Quelimane.
Segundo Mondlane, exames, incluindo tomografias, confirmaram que o projétil não perfurou o crânio de Amaral. Apesar da gravidade do ferimento, seu estado de saúde é estável e não corre risco de vida.
Mondlane classificou o ataque como um exemplo claro de intolerância política. “Como falar de unidade nacional quando o país ainda vive sob o medo e a violência? É inadmissível que o compromisso com a paz, a justiça e a igualdade seja recebido com perseguição”, escreveu.
A “chama da unidade nacional”, mencionada por Mondlane, é um símbolo que percorre o país em celebração ao 50º aniversário da independência de Moçambique. A tocha foi acesa em Nangade, Cabo Delgado, pelo Presidente Daniel Chapo em 7 de abril e chegará ao Estádio da Machava, em Maputo, no dia 25 de junho.
Mondlane defendeu que é hora de combater a violência e lutar por um país mais seguro e justo para todos. Até o momento, a polícia moçambicana ainda não se pronunciou sobre o caso.
O episódio ocorre num contexto de crescente violência contra figuras ligadas à oposição. Em outubro passado, Elvino Dias, advogado de Mondlane, e Paulo Guambe, membro do partido Podemos, foram assassinados a tiros em Maputo. Apesar das promessas do governo de investigar o caso, nenhum suspeito foi detido até agora.
Amaral ganhou notoriedade nas eleições autárquicas de 2023, quando sua música “Quem ganhou?” se tornou símbolo dos protestos contra alegadas fraudes em Quelimane. A situação foi tão evidente que o Conselho Constitucional reconheceu a vitória da Renamo na cidade, sob a liderança do autarca Manuel de Araújo.
Após a divulgação da tentativa de homicídio, o Presidente Chapo repudiou o ato, classificando-o como uma ameaça à democracia e aos direitos fundamentais. Ele exigiu justiça e reafirmou que o medo não pode ter espaço em Moçambique. “Devemos continuar a construir uma nação justa e inclusiva, onde a vida e a dignidade humana sejam respeitadas”, concluiu.
