A política nacional tem uma habilidade peculiar de surpreender, mesmo quando achamos que já vimos e ouvimos de tudo. Após um sumiço de 60 dias, acompanhado de rumores sobre possível envolvimento nas mortes durante manifestações, António Pedrito Furuma ressurgiu repentinamente. O jovem, agora com 25 anos, é um dos dois deputados do partido PODEMOS que ainda não haviam tomado posse.
De aparência franzina e olhar tímido, Furuma chegou à capital, Maputo, com o objetivo de estudar educação física. Sonhava com exercícios, saltos e flexões, não com debates parlamentares ou imunidade legislativa. Durante a campanha, alguém chegou a comentar que ele poderia ficar fora da lista oficial, mas o jovem não deu importância, focado em aprimorar suas acrobacias.
Quando o nome de Furuma começou a ser mencionado nos corredores do poder, o programa Balanço Geral rapidamente procurou por ele. Para surpresa até do partido PODEMOS, Furuma deu sinais de vida e explicou que não estava desaparecido, mas que desconhecia que sua ausência na campanha pudesse comprometer sua nomeação.
Com a ajuda de colegas, o jovem preparou um requerimento explicando a situação, mas percebeu que não possuía trajes formais adequados para o evento. Depois de conseguir um terno, sapatos e relógio emprestados, dirigiu-se à Assembleia da República, onde, nervoso, justificou sua ausência e solicitou a posse oficial.
Durante uma entrevista ao Balanço Geral, Furuma, ainda trêmulo, afirmou sentir-se injustiçado e deixou claro o desejo de ocupar seu lugar na Assembleia. Ele também demonstrou receio de que o partido tentasse substituí-lo.
Furuma finalizou com uma reflexão irônica: talvez, nas próximas eleições, ele devesse carregar várias cópias de seus documentos para evitar situações parecidas e, quem sabe, um dia, deixar de ser Furuma para se tornar alguém ainda mais inesperado no cenário político.
