Em Moçambique, o aumento do desemprego está preocupando a população, especialmente os jovens. Mais de 12 mil pessoas perderam seus postos de trabalho nos últimos seis meses, consequência de uma série de manifestações pós-eleitorais que resultaram na destruição de diversas empresas.
De acordo com as informações, aproximadamente 500 empresas foram alvo de vandalismo e muitas encerraram suas atividades, agravando o número de desempregados. A população, sentindo o impacto do custo elevado de vida, clama por soluções. Em resposta, o governo liberou mais de 5 milhões de dólares para apoiar empresários que enfrentam dificuldades e promover a recuperação econômica.
Nelson Silva, de 30 anos, relata sua experiência como operador de mototáxi após perder o emprego em uma loja vandalizada em novembro. “Foi muito triste. Muitas pessoas perderam o trabalho por conta das manifestações. O governo deveria olhar para essa situação, pois o custo de vida está muito alto. Uma das medidas poderia ser reduzir o IVA e controlar o preço do combustível, que é essencial”, desabafa.
O desemprego afeta a juventude
Outro jovem de Nampula, Sualehe Manuel, que trabalha como ardina há mais de uma década, também sente os efeitos da crise econômica. Ele lamenta a drástica queda de suas vendas e explica que, nos últimos meses, seu rendimento caiu de até 2.000 meticais diários para cerca de 500 meticais em dias de sorte.
Iniciativas de recuperação econômica
Para ajudar empresas afetadas pelas manifestações e pelos ciclones recentes – Chido, Dikeledi e Jude – o presidente Daniel Chapo lançou a terceira edição do Fundo Catalítico, que financia 26 empresas em regiões como Cabo Delgado, Nampula e Tete. Esse fundo, com apoio do Banco Mundial, disponibilizou 320 milhões de meticais (equivalente a 5 milhões de dólares) para a recuperação empresarial.
Além disso, foi criado o Fundo de Desenvolvimento Local, uma linha de crédito com taxas reduzidas, estimada em 10 mil milhões de meticais, com o objetivo de apoiar micro, pequenas e médias empresas e estimular a geração de empregos.
O empresário Luís Vasconcelos, vice-presidente do Conselho Empresarial de Nampula, destaca que, embora o fundo não seja suficiente para compensar todas as perdas, representa uma ajuda valiosa. “Não resolverá todos os problemas, mas é um ponto de partida. Agora cabe aos empresários utilizarem esses recursos com responsabilidade e implementar projetos que possam impulsionar seus negócios”, avalia.
