Mondlane promete novos protestos ainda mais intensos após ataque a apoiador

 




Maputo, 15 de Abril – O ex-candidato presidencial moçambicano, Venâncio Mondlane, alertou que poderá convocar manifestações com intensidade “cem vezes maior” do que as que ocorreram após os controversos resultados eleitorais divulgados em dezembro de 2024.


O político falava à população na cidade de Quelimane, na segunda-feira, um dia após o atentado que deixou gravemente ferido o músico e seu aliado próximo, Joel Amaral, conhecido artisticamente como MC Trufafa. O artista encontra-se internado nos cuidados intensivos do Hospital Central de Quelimane, mas, segundo os médicos, está fora de perigo.


Diante de milhares de apoiantes reunidos frente ao hospital, Mondlane dirigiu duras críticas ao Presidente Daniel Chapo, alegando que este chegou ao poder com o apoio da polícia de choque. “Esta é a última oportunidade. Se houver mais uma vítima, vamos ativar o ‘Turbo V24 Ultra’”, disse, referindo-se à nova fase de manifestações populares.


De acordo com organizações da sociedade civil que acompanham os protestos, mais de 380 pessoas perderam a vida em confrontos com a polícia, sendo a maioria alvejada por armas de fogo. Mondlane afirma que entre as vítimas há 47 coordenadores locais da sua coligação. Apesar das denúncias apresentadas à Procuradoria-Geral da República, segundo ele, nenhuma medida concreta foi tomada.


As autoridades governamentais, por outro lado, reconhecem apenas 80 mortos e relatam prejuízos materiais em mais de 1.600 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades de saúde.


Mondlane também comentou o encontro que teve com Chapo em Maputo, no dia 23 de março, afirmando que aceitou participar por acreditar na promessa de fim das perseguições, assassinatos e sequestros. “Mas com o que aconteceu a Joel, fica evidente que o acordo não está a ser respeitado”, declarou.


Circulam há anos denúncias de que esquadrões da morte operam dentro das forças de segurança, com registros como o de 2019 em Xai-Xai, onde um grupo acusado de assassinar um ativista foi descoberto e identificado como composto por agentes da polícia, hoje condenados.


Todos os partidos representados na Assembleia da República, incluindo a Frelimo, repudiaram o atentado contra Joel Amaral. A Comissão Política da Frelimo, reunida nesta segunda-feira, exigiu uma investigação rápida, embora também tenha advertido contra possíveis manipulações e apelado à serenidade.


Mondlane anunciou ainda três dias de manifestações contínuas em Quelimane, protesto que conta com o apoio do presidente do município, Manuel de Araújo, que atualmente se encontra em Seul, participando de uma conferência sobre mudanças climáticas. “Ontem foi o Joel. Amanhã posso ser eu. Depois de amanhã, podes ser tu”, afirmou Araújo. “Mesmo aqui na Coreia do Sul, a vossa voz está a ser ouvida. Temos recebido mensagens de solidariedade de vários países.”

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