A Justiça francesa pediu nesta quinta-feira uma pena de 18 meses de prisão com suspensão para o ator Gérard Depardieu, acusado de agressões sexuais. A defesa, por sua vez, busca sua absolvição, alegando que o artista é alvo de uma conspiração. A sentença será anunciada em 13 de maio, segundo a agência France-Presse (AFP).
O procurador destacou que as vítimas seriam "mulheres em posição de vulnerabilidade social" e argumentou que Depardieu, de 76 anos, possui um status de destaque no cinema francês. Por isso, solicitou não apenas a pena suspensa com período probatório de três anos, mas também a obrigatoriedade de acompanhamento psicológico, dois anos de inelegibilidade e a inclusão do ator no registro de criminosos sexuais.
A defesa, liderada por Jérémie Assous, rebateu pedindo a absolvição e afirmando que Depardieu foi vítima de calúnias. O advogado criticou as queixosas, afirmando que elas agem em nome de um suposto grupo de "feministas radicais". "Esse caso tornou-se um pesadelo para Gérard Depardieu", declarou Assous, que contestou a gravidade dos relatos apresentados.
Uma das queixosas, Amélie, de 54 anos, cenógrafa do filme Les Volets Verts, relatou que o ator teria passado as mãos em suas nádegas e seios durante as filmagens. Já Sarah, de 34 anos, ex-assistente de produção, afirmou que Depardieu tocou partes íntimas de seu corpo sem consentimento. O ator negou as acusações em tribunal, argumentando que possíveis toques acidentais poderiam ter ocorrido em corredores estreitos do set.
Depardieu recebeu apoio de Fanny Ardant, atriz e cineasta, que testemunhou a seu favor e assegurou que jamais presenciou qualquer atitude imprópria do ator. Fanny, que gravará o filme Ela olhava sem nada ver com Depardieu e outras atrizes em São Miguel, nos Açores, reforçou que era possível "dizer não" ao ator.
As denúncias contra Gérard Depardieu se acumulam desde 2020, quando ele começou a ser investigado por supostos crimes de violação e agressão sexual. No julgamento, quatro outras mulheres testemunharam, relatando episódios de toques invasivos e comentários inapropriados que teriam ocorrido entre 2007 e 2015. Segundo uma delas, "denunciar Depardieu aos 20 anos não era uma tarefa fácil".
Famoso por papéis em filmes como Cyrano de Bergerac, O Último Metrô e Novecento, o ator enfrenta agora um futuro incerto enquanto aguarda o veredicto final da Justiça francesa.
