Associação Comercial da Beira critica modelo eleitoral da CTA e anuncia afastamento do processo

 




Nesta segunda-feira, a Associação Comercial da Beira (ACB) manifestou o seu distanciamento em relação à controvérsia que envolve a preparação das eleições na Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA). A ACB acusa a CTA de ter sido capturada por grupos de lobistas e indivíduos corruptos, alegando que o actual sistema eleitoral facilita a compra de votos, motivo pelo qual decidiu não participar do pleito.


Os empresários de Sofala, representados pela ACB, organização fundadora da CTA, expressaram profunda vergonha pela instabilidade que marca a organização do processo eleitoral. Durante uma assembleia extraordinária, a ACB questionou a competência da CTA, salientando que uma entidade com mandato para aconselhar o Governo em matérias de desenvolvimento económico deveria ser capaz de gerir uma eleição interna de forma exemplar.


Félix Machado, presidente da ACB, revelou que, na tentativa de contribuir para a resolução do impasse, foi enviada uma carta à CTA – também dirigida a todos os membros – propondo a convocação de uma assembleia geral extraordinária. No entanto, segundo Machado, apenas algumas associações da região centro manifestaram apoio à iniciativa, e como não se atingiu o quórum necessário, a reunião não pôde ser realizada.


Para a Associação Comercial da Beira, o actual modelo de eleição da liderança da CTA é falho e propício à corrupção. Machado apontou que o sistema vigente, ao exigir cartas de apoio para a candidatura, criou um ambiente em que os membros mais abastados pagam rapidamente as suas quotas para obter essas cartas, configurando um cenário de votos antecipados.


Diante dessas irregularidades, a ACB decidiu não apresentar candidatos, não apoiar nenhuma candidatura e nem sequer participar da votação, alegando que o processo é injusto, impróprio e causa constrangimento. Machado criticou também empresários que, mesmo cientes das falhas, insistem em apoiar o processo eleitoral.


No mesmo encontro extraordinário, a ACB aprovou a criação da Federação Provincial de Sofala do Sector Privado, com o objetivo de fortalecer a representação empresarial na província. Além disso, Machado indicou que pretende dialogar com empresários das províncias de Manica, Tete e Zambézia para que formem suas próprias federações e, futuramente, consolidem uma Confederação Regional Centro, como alternativa à atual CTA.


Machado defendeu ainda que existe a possibilidade de a CTA reverter a sua actual crise de credibilidade, enfatizando que apenas os próprios associados podem promover a mudança necessária.


Na conferência de imprensa, o líder da ACB aproveitou para comentar a escassez de divisas no país, criticando as medidas implementadas pelo Banco Central. Segundo ele, as iniciativas foram mais populistas do que eficazes e não trouxeram resultados concretos para a economia, questionando a utilidade das reservas cambiais que não se traduzem em disponibilidade para setores críticos, como o abastecimento de combustíveis.


O pronunciamento de Félix Machado visou, principalmente, esclarecer o posicionamento da Associação Comercial da Beira perante a crise institucional que envolve a CTA.

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